"Resultados indicam benefícios apenas para dores no pescoço. Mesmo pesquisas de alta qualidade não provaram outros efeitos benéficos. É um aspecto que requer muito cuidado no momento de tomar decisões. EEZB."
De acordo com os autores, foram encontrados resultados conclusivos e positivos do tratamento com agulhas só para dores no pescoço.
Já para os outros casos, não houve comprovação de eficácia da técnica.
Os pesquisadores, das universidades de Exeter e Plymouth, no Reino Unido, e do Instituto de Medicina Oriental da Coreia do Sul, destacam que uma das revisões mais recentes e com melhor metodologia concluiu que a acupuntura simulada (com palitos que não penetram na pele) teve os mesmos bons resultados que a feita com agulhas, para tratar dores nas costas.
Isso sugere, diz a pesquisa, que a melhora observada se deve a "efeitos não específicos", ou placebo, como convicção do terapeuta ou entusiasmo dos pacientes.
Efeito colateral
De acordo com o presidente da Sbed (Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor), João Batista Garcia, essa conclusão gera ceticismo quanto à terapia. "Mesmo pesquisas de alta qualidade [incluídas no estudo] não provaram efeito benéfico."
Um trabalho recente revelou que ao longo dos últimos 45 anos a acupuntura causou ao menos 86 mortes por causa de agulhadas incorretas e involuntárias no coração e nos pulmões, bem como por danos em artérias e fígado, problemas nervosos, choques, infecções -provocadas pela ausência da esterilização das agulhas-, hemorragias, etc.
A causa mais comum de morte foi uma doença chamada pneumotórax, que é o acúmulo anormal de ar entre o pulmão e uma membrana (pleura) que reveste internamente a parede do tórax. Na maioria dos casos, os médicos tiveram a certeza de que a causa destas mortes foi a acupuntura, mas em outros fica menos claro.
A maioria deles foi decorrente de infecções bacterianas por agulhas contaminadas, tratadas com antibióticos. Mas quatro pacientes tiveram seus pulmões perfurados e morreram.
Em comentário publicado com a pesquisa, a médica Harriet Hall, que se autodenomina "cética", classifica a acupuntura como "nem eficaz nem inofensiva".
"A acupuntura é o melhor placebo que existe", afirmou a americana à Folha. "A terapia combina uma mística oriental a um ritual elaborado. O paciente relaxa durante o tratamento, e o terapeuta é persuasivo, confiante e carismático."
Defesa
Para o médico acupunturista Hong Pai, do HC de São Paulo, a falta de eficácia e os efeitos colaterais anotados na pesquisa se devem ao treinamento falho dos terapeutas em muitos países.
"Os meus alunos fazem 600 horas de treinamento e ainda não saem perfeitos. Imagine quem tem cem ou 120 horas [como em países europeus]?"
O especialista chinês, que trabalha no HC desde 1989, afirma que a equivalência entre a acupuntura placebo e a real pode acontecer em alguns casos, porque algumas dores exigem estimulação só superficial dos pontos.
Adaptado de Rev. Educação Física.
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